É com muito orgulho que inicio aqui uma série que muito me agrada: "Escritoras, poetisas e autoras brasileiras", onde passearei por este universo da nossa Literatura e lhes apresentarei o trabalho de algumas das melhores, sob minha óptica, claro. Inauguro com a grande poetisa Adélia Prado.
O surgimento de Adélia Prado na literatura brasileira trouxe a valorização do feminino nas letras e da mulher e seu pensamento ativo e crítico perante a sociedade. A poetisa consegue incorporar os papéis de intelectual e de mãe, encontrando um equilíbrio entre o feminino e o feminismo,sendo mulher e mãe de maneira a não abandonar nem uma nem outra. Sem dúvida, um exemplo de pessoa.
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
− dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem,
Mulher é desdobrável. Eu sou.
7 comentários:
Não temo
o agridoce,
gosto do
perigo.
;)
Hey!
Obrigada por estar me seguindo, nem tinha visto...
A Adélia Prado eu não conhecia, gostei do poema dela que você selecionou.
Você escreve poemas também?
beijo, beijo
Ps: Seja bem-vinda ao Meu Pretexto Diário
Não conhecia esta poetisa,
na verdade a maioria das mulheres são mesmo desdobráveis
Bj
Ana, Sidnéa estuda algum momento da vida de Adélia Prado em nível de pós-graduação. Se quiser, procure o contato... Acho que vale a pena... O blog dela está no meu com o nome dela Sidinéa Pedreira. Um abraço.
quando nasci
não tinha anjo disponível
então um diabinho com um tridente
espetou a minha bunda e disse
vai - cai na vida - não tens outra saída
líria porto
(sou mineira como a adélia - ela é minha ídola!;-)
Quem bom encontrar Adélia em seu blog, Ana!
Infelizmente, parece que os dois maiores poetas brasileiros contemporâneos - ela e Manoel de Barros - não estão entre os favoritos dos blogueiros.
Voltarei. Ainda mais agora que você descobriu o grande Florestan. Ele, Darcy Ribeiro e Milton Santos formam, pra mim, a tríade sagrada do pensamento sociológico brasileiro.
Bjs
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