sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A VIOLÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO



Marcos Monteiro*

A violenta luta contra a violência no Rio de Janeiro transforma em imagens a complexidade do mundo em que vivemos. Urbanização e globalização são palavras que nos definem e descrevem um processo de múltiplas faces que se consolidou ao longo da história.

O primeiro encontro entre portugueses e nativos em nosso solo pátrio foi alegre e amistoso, mas armado. Arcos e flechas de um lado e arcabuzes do outro atestavam a descoberta mais antiga da humanidade: o ser humano é um animal muito perigoso. Causar sofrimento, dor e morte, é uma das habilidades desenvolvidas pela civilização, com todo um investimento de tempo, dinheiro e inteligência racional, esse detalhe que faz o humano mais humano.

Desse modo, violência e humanidade andam de mãos dadas, estando as questões políticas e econômicas inevitavelmente envolvidas. Na Alemanha de Hitler, empresas ofereciam os seus produtos, gases asfixiantes para exterminar judeus, destacando a eficiência, relação eficácia-custos, para vencer a concorrência. Exterminar humanos era um empreendimento lucrativo que merecia o uso da racionalidade para o aperfeiçoamento do produto.

Ainda hoje, a grandeza de uma nação pode ser medida pela sua capacidade genocida, habilidade adquirida pela produção e aplicação de material bélico. Porque, aliás, ninguém fabrica um artefato para não usar, e todo produto precisa ser experimentado para facilitar o seu aperfeiçoamento. A simples posse desse armamento sofisticado explica parte dos motivos para a recorrência das guerras no nosso mundo atual. A indústria bélica precisa vender material de qualidade comprovada; a transmissão ao vivo de guerras também é procedimento de marketing para clientes atentos.

Portanto, se globalização e urbanização são parâmetros de definição do mundo de hoje, vivemos forçosamente uma violência urbana de natureza global. Isso significa violência oficial e violência clandestina, violência estrutural e violência simbólica, violência existencial e violência social, diversas nuances e vertentes da violência que não podem ser reduzidas a essa eterna simplificação que tentam nos impor: bons e maus, ou violência do bem e violência do mal. Paulo Freire afirmava que entre as prerrogativas que as elites dispõem para si mesmas, estaria o direito arbitrário de definir o que é violência, ou quem é violento.

A violência dos criminosos do Rio de Janeiro é apenas uma das tonalidades da violência do país. A guerra contra a violência não pode ser de natureza violenta. Quando as mesmas armas e processos são usados dos dois lados, a lógica da violência permanece e o único resultado possível disso tudo será exatamente a produção de pessoas, artefatos e procedimentos cada vez mais violentos, aperfeiçoamento progressivo e maléfico associado à urbanização e à globalização.

Natal, 26 de novembro de 2010.

*Marcos Monteiro é assessor de pesquisa do CEPESC. Mestre em Filosofia, faz parte do colégio pastoral da Comunidade de Jesus em Feira de Santana, BA. Também é coordenador do Portal da Vida e faz parte das diretorias do Centro de Ética Social Martin Luther King Jr. e da Fraternidade Teológica Latino-Americana do Brasil
CEPESC – Centro de Pesquisa, Estudos e Serviço Cristão. E-mail cepesc@bol.com.br, site www.cepesc.com.
Fone: (71) 3266-0055. Veja esse texto também no blog www.informativo-portal.blogspot.com

11 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

Que texto necessário viu...parabéns a ele.


abraços
de luz e paz

Lis disse...

oi, Meu nome é Érica e sou de Feira de Santana, estava super interessada em participar de um clube do livro e fui a procuara na net,ai encontrei a sua postagem ela não é resente então gostaria de saber se vc continua com o clube e se poderia participar, por isso vou deixar meu e-mail e vc entra em contato.
tika.s2@hotmail.com ou
jana.kika@yahoo.com.br
é mas facil entrar em contato comigo pelo hotmail.
bjus.

lula eurico disse...

Feliz a cidade que tem uma Aníssima Duarte. Tuas postagens são essenciais.
Parabéns a vc e a Feira de Santana, cidade que um dia irei conhecer.
Toda a Bahia é bonita.
Ah, postei algo sobre Cocorobó.
Confira.

Abraço fraterno.

Everson Russo disse...

Um belissimo final de semana pra ti querida...beijos.

Ricardo e Regina Calmon disse...

OLÁ NEOLÓGICA PESSOA NÃO DEFINIDA AINDA,TE LER,É SORVER UMA SEMEADORA DE CULTURA E VIDA,TE LER,É RESPIRAR E SABER,QUE ÉS UM GIRASSOL ESCRIBA MULHER

BZU NAS MÃOS

VIVA LA VIDA

Ricardo e Regina Calmon disse...

Holla Girassolica minina,hoje com o privilégio de teclar lap top,em decúbito dorsal,mirando o céu,me lembrei docê ,e desejar bonjour,uma doce semana e e que esteja tudo bien entre vc e your love

braçadas de girassois,barrocos anjos levam para vc e os que mais amas

axé

viva la vie

Flavih A. disse...

Palavras, que palavras.

=)
BOas festas.

C@uros@ disse...

F E L I Z

N A T A L

Muita paz, harmonia e felicidade urgente para todos as amigas e amigos de todas as horas. Que Jesus seja o nosso exemplo e o nosso guia em todos os momentos de nossas vidas.


FORTE ABRAÇO


C@UROSA

:.tossan® disse...

Feliz Natal Aníssima! Beijo

Pena disse...

Perfeita e Simpática Amiga:
Espero que tenha tido um Excelente Natal e que venha um 2011 repleto de felicidade e harmonia na Humanidade em que acredito.
Fez um texto profundo que dá para pensar.
Qualqer tipo de violência é condenável.
"...Causar sofrimento, dor e morte, é uma das habilidades desenvolvidas pela civilização, com todo um investimento de tempo, dinheiro e inteligência racional, esse detalhe que faz o humano mais humano..."

É bem verdade, o que expressa.
Um Post para meditar com calma pelo seu valor precioso.
Beijinhos amigos de respeito ao seu encanto e ternura.
Sempre fui pela PAZ no Mundo.
Com fascínio e admiração constantes.
É uma honra, comentá-la.


pena

Bem-Haja, preciosa e notável Amiga.
É fantástica com um talento enorme e sublime.
Adorei.

À PÉ ATÉ ENCONTRAR disse...

Obrigada pela visita e um Feliz 2011 para vocês companheiros de imagens e palavras, vamos vivendo e nos inspirando...! Bjos a todos!