quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Série- Escritoras, poetisas e autoras brasileiras- Porém esta é russa.

Sei que é uma série sobre autoras e escritoras brasileiras, mas não posso deixar de mostrar aqui nem que seja um pouco dela.

A moça do chicote.
No canto esquerdo Lou Salomé, Paul Rée e Nietzsche no canto direito.

    Paixão, fruição, loucura e alegria. Apelidada de "raio de sol", Louise von Salomé, Lou Andreas-Salomé, ou simplesmente Lou Salomé foi uma notória violadora das regras morais de seu tempo, com sua personalidade forte e olhar firme.                     
    A moça que "chicoteou" os filósofos Nietzsche e Paul Rée, poetisa russa, uma mulher bonita e sedutora, de ideias brilhantes e libertárias. Foi poetiza, amante, amada. Nasceu rica, podendo transitar entre filósofos e intelectuais de sua época e usufruir não apenas de pensamentos, mas de uma vida livre. Qualquer obstáculo ou pessoa que ameaçassem essa liberdade de alma eram repelidos por ela própria. Descrente, cheia de dúvidas, humana, pecadora, intensa!
    E num período em que pouquíssimas mulheres conseguiam ter acesso à universidade, Lou estudou lógica, história das religiões e metafísica.

Com uma biografia intensa, boêmia e ligada à literatura e a arte em geral,Lou Salomé é um exemplo de uma mulher que viveu para ser feliz, apesar de suas neuras, transferências e de todos esses sofrimentos humanos que temperam a vida.


Eis um pouco de seus célebres e subversivos escritos, carregados de vida e coragem:


"Ouse, ouse... ouse tudo!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda ... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!"


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"Claro, como se ama um amigo
Eu te amo, vida enigmática –
Que me tenhas feito exultar ou chorar,
Que me tenhas trazido felicidade ou sofrimento,
Amo-te com toda a tua crueldade,
E se deves me aniquilar,
Eu me arrancarei de teus braços
Como alguém se arranca do seio de um amigo.
Com todas as minhas forças te aperto!
Que tuas chamas me devorem,
No fogo do combate, permite-me
Sondar mais longe teu mistério.
Ser, pensar durante milênios!
Encerra-me em teus dois braços:
Se não tens mais alegria a me ofertar
Pois bem – restam-te teus tormentos. "

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"Tu, céu claro sobre mim,
Quero confiar-me a ti
Não permitas que o prazer e a dor daqui
De admirar-te possam-me impedir!
Tu, que sobre tudo te projetas,
Através de espaços e através dos ventos,
Mostra-me aonde vais, pois é minha meta
Reencontrar-te em todos os momentos.
Do prazer não quero ver o fim
Não fugirei do sofrimento que abate,
Espaço e mais espaço é o que quero sobre mim
Para ajoelhar-me sobre o azul e venerar-te."
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"só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro."
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"Pois, sobretudo, resulta no indivíduo uma espécie de interação ébria e exuberante das mais altas energias criadoras do seu corpo e a exaltação mais alta da alma. Enquanto nossa consciência se interessa vagamente, habitualmente, por nossa vida psíquica, como por um mundo que conhecemos mal e que controlamos ainda pior, que ao que parece forma um com ela, mas com o qual normalmente ela se entende mal - eis que se produz subitamente entre eles uma tal comunhão de enervação que todos os seus desejos, todas as suas aspirações se inflamam ao mesmo tempo."


*Trechos em itálico retirados de: http://pensador.uol.com.br/autor/Lou_Andreas_Salome/

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Eu sou um monstro

Eu sou um monstro
E dentro de mim me escondo
E dentro de mim eu cresço
E apareço
E tudo que quero não vem
E tudo que amo se vai
Você tinha razão!
Sinta-se feliz agora,
O nada, eu, o eu, um nada!
A merda,
O lamento, o desencanto que logo chega
Porque posso parecer encantadora a princípio,
Mas logo emerge o monstro...
E todos se afastam.
Quem se achegaria a um bicho?
Que desequilibra, que fere e causa asco
Insuportável teimosia
De assim permanecer...
Descobri que é essência e que devo em uma ilha deserta padecer.

Porque é em ti que me escondo, poesia. Aparentemente só você me entende.

Ana Paula Duarte. Eu-lírico?... Mistérios de Aníssima..Muahahaha.